Cirurgia da obesidade

Considerada uma epidemia de proporções globais pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a obesidade pode ser tratada por diferentes métodos. Hoje, cada vez mais pesquisas apontam a cirurgia de redução de estômago (gastroplastias) como eficaz solução para perda de peso. Estes resultados levaram a novos horizontes no tratamento da diabetes tipo II, frequentemente associada a obesidade. Com os bons resultados das gastroplastias no controle do diabetes, novos estudos estão demonstrando a aplicabilidade da cirurgia para pacientes que apresentam esta doença com difícil controle e Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 35. Vários trabalhos estão em andamento para que se procure alternativas técnicas para estes pacientes. Os resultados estão sendo discutidos em congressos e encontros médicos para atingir os benefícios.

A obesidade atinge pelo menos 300 milhões de pessoas no mundo. Não há dimensão exata de quantas pessoas são portadoras de obesidade mórbida (caracterizada por um grande excesso de peso em relação à altura), mas pesquisas comprovam que ela significa mais gastos com custos médicos e mais risco de morte em relação a quem não tem o problema. Ela é considerada uma doença crônica de caráter evolutivo sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna. Na América Latina é provável que cerca de 200 mil pessoas morram anualmente em decorrência das comorbidades relacionadas a obesidade ( hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, doença coronariana, doença cérebro-vascular,…). A taxa de mortalidade para obesos com estas comorbidades é de pelo menos 12 vezes a mais e a expectativa de vida cerca de 20% a menos quando comparada a indivíduos de peso normal.

As gastroplastias redutoras com derivação intestinal, convencionais ou por videolaparoscopia, estão entre os procedimentos mais utilizados no mundo . Quando o procedimento é realizado por videolaparoscopia, o paciente se beneficia de um menor trauma cirúrgico, hospitalização mais curta, menos dor e retorno mais precoce as suas atividades sociais e produtivas.

Grande parte dos pacientes que procuram a cirurgia é de adultos jovens, mulheres, com idade entre 20 e 40 anos com baixa auto-estima, insatisfação e dificuldades com convívio social.

O tratamento cirúrgico para a obesidade mórbida não é inócuo, apresenta algumas dificuldades de adaptação as mudanças no trato digestivo e, como qualquer cirurgia de grande porte, tem um índice de mortalidade entre 0,5 e 1%. Portanto, a indicação deve ser bem avaliada por uma equipe multidisciplinar (cirurgião, endocrinologista, psiquiatra, nutrólogos, nutricionistas,…) bem como é de fundamental importância o diálogo amplo e franco mostrando os riscos e benefícios com a participação de familiares e responsáveis na decisão para que se alcancem os objetivos. Nas gastroplastias, os resultados de perda ponderal podem atingir entre 70 a 80% do excesso de peso. Acompanhando esta perda, acontece uma grande melhora nas dificuldades respiratórias, a apnéia do sono tende a desaparecer, as artropatias melhoram, a hipertensão e diabetes podem até desaparecer.

A qualidade de vida e a auto-estima acompanham a melhora da saúde física.

Deve se ressaltar que a cirurgia é um importante instrumento e não um milagre. Não existem milagres no tratamento da obesidade e diabetes.

O risco de se manter obeso é muito maior do que o seu tratamento.